Tivemos a honra de entrevistar a querida Rebetzin Sheina Begun, a esposa do Rabino Yaacov Begun, que há 70 anos foram enviados pelo Rebe de Lubavitch para serem emissários aqui no Brasil com uma missão muito importante: ensinar o judaísmo e os valores da sagrada Torá.
BMN: Por favor conte-nos um pouco sobre a experiência de chegar no Brasil.
SB: Eu nasci na Ucrânia. Minha família teve que fugir desde que eu era pequena. Estávamos sempre no caminho, viajamos para muitos países em busca de um lugar para se estabelecer. Até que enfim, eu cresci e cheguei em Nova Iorque. Estava gostando muto de morar lá. Era como um sonho: escolas, comida kasher, um judaísmo vivo. Casei com meu marido, brasileiro e gaúcho e após 4 meses fomos um dos primeiros shluchim (emissários) do Rebe, que nos orientou a vir para o Brasil. Chegamos literalmente no meio do Carnaval. Imaginem só, eu que nem falava português, ao meio de gente dançando e bebendo. Mas, o Rebe sabia exatamente o que estava fazendo: nós tínhamos que vir para cá e ajudá-lo a iluminar esta parte do mundo.
BMN: E vocês chegaram diretamente em S. Paulo?
SB: Nós chegamos no Rio de Janeiro. Porém, com o progresso da ditadura muitas famílias foram embora para Israel. Então meu cunhado, pai da Pessy Chaya Pasternak, nos incentivou vir para S. Paulo. Com a benção do Rebe, abrimos a sinagoga no Bom Retiro, a escola e até uma colônia de férias. E assim sentimos a “mão” de D-us em tudo: os nossos alunos do jardim de infância são hoje grandes homens e grandes rabinos!
Só o Rebe para ter essa visão. Eu não imaginava que iria me adaptar. Eu não sabia nem cozinhar. Comprei um livro de receitas antes de vir, mas quando cheguei aqui, percebi que não haviam os ingredientes, então tive que me adaptar em todos os sentidos.
BMN: Qual mensagem a Sra. gostaria de compartilhar com as nossas leitoras?
SB: Hoje em dia, com o mundo cheio de problemas, se a mulher tem uma ferramenta a suas mãos para melhorar a situação, ela tem que ajudar! Cada uma tem que fazer a sua parte e D-us abençoa.
Às vezes vem aquele pensamento: não posso consertar o mundo, está tudo errado mesmo. Então procure lembrar: em vários episódios da nossa sagrada Torá, D-us nos orienta coloque a sua mão, um dedo apenas e Eu farei o resto. E é assim que devemos pensar: faça a sua parte! Cumpra uma pequena mitzva a mais, estude um pouco mais sobre judaísmo e traga LUZ para dentro da sua casa e da sua casa interna: a sua alma.
Estamos aqui para “letaken haolam”, consertar o mundo. Temos que acreditar: este é o mundo do conserto (tikun). Nosso dever como mulheres é melhorar, iluminar e é isso que D-us espera de nós e Ele certamente abençoará as nossas vidas.